quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CRISES NO SPORTING - O GOLPE FALHADO

Ao longo dos quase 104 anos da sua existência, o Sporting teve diversas crises. Algumas delas decorreram nos anos que por lá passei - 1998-2006 - como colaborador. Apesar de tudo, foi nesse período que o Sporting conquistou 2 Campeonatos e foi à final da taça UEFA.



A "estória" que vou contar passou-se em 2004/05 e culminou com as saídas do Presidente, Dias da Cunha, do treinador, José Peseiro, e do Administrador Executivo da SAD, Paulo de Andrade que, em Outubro de 2005, não aguentaram a pressão provocada pelos maus resultados e pelos insultos vindos da bancada, mas comandados por gente que hoje, no Sporting, pede compreensão e paciência para suportar o pior momento da história do clube.



O GOLPE FALHADO



Em Outubro de 2004, com Peseiro como treinador, o Sporting conhecia uma grande onda de contestação ao treinador e ao Presidente. Jogava-se mais uma jornada e os leões deslocavam-se ao Estoril. Nos bastidores havia grandes movimentações para desalojar Dias da Cunha que eram patrocinadas por gente que hoje está em Alvalade e que preparou as claques para, no final do jogo, exigir as cabeças dos "culpados".



Sabedor dos movimentos, Dias da Cunha perguntou a Peseiro se seria aconselhável ir assistir à partida já que não queria ser factor de desestabilização para a equipa. Os sinais foram no sentido da não ida. E assim aconteceu.



A anteceder o jogo no Coimbra da Mota, uma série de personalidades, de fora e de dentro, juntou-se ao almoço para acertar pormenores da estratégia que seria consumada no final da partida, em caso de derrota.



O cheiro a conspiração tresandava por todo o lado. As tais personalidades estavam todas num camarote, onde havia muitos sorrisos e... charutos. O ambiente, naquele camarote, era de alguma euforia, próprio de quem está prestes a atingir um objectivo. Do lado contrário, na bancada, os gritos das claques e os dizeres das tarjas exibidas não enganavam.



Com o início da partida, logo se percebeu que o Sporting se apresentava disposto a sair vitorioso. E assim foi. Com uma exibição soberba de Hugo Viana, marcou 2 golos, e de Liedson, marcou mais 2, o rugido do leão fez-se ouvir numa vitória por 4-1, sem Pedro Barbosa. Mesmo assim as claques não deixaram de exibir as tarjas e mandar Presidente e treinador aquela parte, mas o resultado positivo evitou a consumação da estratégia.



Na semana seguinte, O Sporting jogou em casa com o Belenenses e voltou a vencer, desta vez por 2-0. Mas as movimentações continuaram e muita gente recebeu SMS’s a apelar para que no estádio se gritasse: "Ribeiro Teles a Presidente, já." Confrontado com esta situação por Dias da Cunha, Teles apressou-se a desmentir que tivesse alguma coisa a ver com aquilo.







Com bons resultados nas competições internas e na taça UEFA, o Sporting entra em 2005 a apresentar boas exibições, vitórias sobre vitórias, encantando os adeptos mas, internamente, havia contestação dos mesmos do costume.



Dias da Cunha tinha identificado os rostos do "sistema" e virou-se para a tentativa de chamar o poder político à liça na regulação do negócio futebol. Para tanto, elaborou um "MANIFESTO" juntamente com Benfica, Marítimo e Belenenses. O Manifesto mais não era do que um programa de acções conducentes a credibilizar um negócio gerador de milhões, através da sua regulação fora dos agentes do futebol, ou seja sem que fossem os próprios interessados a decidir.



O documento gerou uma onda de contestação tal que, no Sporting, levou a rupturas que marcaram um final de época que sem as tricas que aconteceram podia ter resultado na   melhor temporada, de sempre, do futebol leonino



Continua em próxima "estória".



Carlos Severino